Um
dos primeiros autores a escrever sobre o assunto foi Dupré, no período da
Primeira Guerra Mundial, que acreditava tratar-se de uma lesão cerebral mínima.
Mais tarde, em 1962, num simpósio de Oxford, foi oficializado a expressão
Disfunção Cerebral Mínima. Em 1966, um grupo de estudos concluiu que esta
disfunção pode originar-se de variações genéticas, irregularidades bioquímicas,
sofrimento perinatal, moléstias ou traumas sofridos durante os anos críticos
para a maturação do sistema nervoso central.
Em 1980, a Associação
Psiquiátrica Americana propôs uma nova denominação: Síndrome do Déficit de
Atenção, englobando tanto a hiperatividade como as
demais funções que originam da falta de maturação do sistema nervoso central(incoordenação motora, falta de equilíbrio, distúrbios de fala, alteração
de sensibilidade, distúrbios de comportamento e dificuldades escolares).
CAUSAS DO TDAH
As causas estão muitas vezes relacionada a problemas durante a gravidez e parto. Segundo estudos realizados pela Revista VEJA (1996), aumentam-se em muito as chances de uma criança sofrer de TDAH se a mãe fumar durante a gravidez.
Complicações no período pré-natal, a ingestão de álcool e o uso de drogas durante a gravidez, infecção do Sistema Nervoso Central na primeira infância, efeitos colaterais causados por certas medicações, também aumentam as chances do TDAH.
Geneticamente os portadores de TDAH, apresentam uma taxa menor de dopamina, um neurotransmissor responsável pelo controle motor e atenção, por isso tendem a apresentar falta de concentração, principal característica do hiperativo, além da dificuldade de memorizar o que lhe é pedido.
A incidência é maior em meninos, chegando a 80% dos casos, do que em meninas, e por esse motivo pode estar relacionado ao hormônio masculino, a testosterona. Em alguns casos, meninas com TDAH apresentam gestos masculinos e fala grossa como conseqüência de um aumento nessa taxa de hormônio.
CARACTERÍSTICAS DO INDIVIDUO COM TDAH
O hiperativo pode estar em qualquer lugar, e apresenta alguns sinais de comportamento:
- batendo os pés;
- sentando e levantando a todo o momento;
- cantando sem parar;
- assobiando em horas impróprias;
- distraindo-se com facilidade;
- impacientes em filas;
- não se mantêm sentado durante as refeições;
- não se concentra em um canal de televisão mudando sempre;
- faz movimentos desnecessários com o corpo;
- possui gestos bruscos;
- tem sono agitado;
- perde-se no tempo.
- sono intranquilo;
- mexendo-se muito;
- ao começar a andar tropeçam e se esbarram mais do que o normal;
- podem apresentar um retardo na fala e troca de letras por um período maior.
O hiperativo apresenta certa incoordenação motora. Possui dificuldade para andar de bicicletas, patins, pular cordas, subir em árvores, abotoar roupas, amarrar sapatos, fazer recortes com tesoura, arremessar bola etc.
Conforme Golfeto (1992, p. 12), a criança hiperativa apresenta dificuldade em distinguir direita de esquerda, alterações de memória visual e auditiva, em orientar-se no espaço, fazer discriminações auditivas, em elaborar sínteses auditivas, além de possuir má estruturação do esquema corporal.
Em geral, é desorganizada, distraída, esquecida, bagunceira, não gosta de limites, possui dificuldades em completar tarefas, e nos relacionamentos com colegas. Estas características ficam mais evidentes e perceptivas no período escolar, período este em que o nível de concentração deve aumentar para que ocorra a aprendizagem.
Em casa, o quarto é bagunçado, sobe em armários, não senta à mesa para refeições, não obedece. Os pais devem estar atentos para quando perceber um comportamento excessivamente agitado e unindo às queixas escolares, procurar um especialista.
CARACTERÍSTICAS DO ADULTO COM TDAH
O adulto hiperativo apresenta problemas no trabalho e no relacionamento, além de problemas emocionais.
Características observadas:
- É desorganizado;
- Perde coisas;
- Chega quase sempre atrasado;
- Diz o que vêm à mente sem preocupação se o lugar é apropriado;
- Explode com facilidade;
- Sente-se inseguro;
- É inquieto estando sempre mexendo pernas, dedos, joelhos;
- É impaciente, em filas de banco está sempre reclamando ou acaba desistindo;
- Não fica sentado muito tempo saindo de onde estiver com freqüência;
- Baixa auto-estima;
- Tem muitos projetos ao mesmo tempo e acaba não terminando nenhum;
- Atrapalha-se com horários por causa da desorganização;
- Sente-se inferior aos outros;
- Possui dificuldade de concentração;
- Esquece-se o que estava falando;
- Tem sempre a sensação que não vai conseguir alcançar seus objetivos.
Em decorrência destes fatores, o adulto hiperativo possui dificuldades em se manter no emprego, ou o abandona por tédio.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de um especialista é importante porque nem sempre aquela criança agitada é hiperativa.
A hiperatividade poderá ser confundida com outras patologias ou mesmo vir junto com estas, tais como: autismo, deficiência auditiva, dislexia, deficiência mental, que pode tornar o diagnóstico difícil, tendo, portanto que ser realizado por um profissional especializado.
GUIA DE IDENTIFICAÇÃO INICIAL DO TDAH
Nem um pouco
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Só um pouco
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Bastante
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Demais
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1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou
comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas.
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2. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou
atividades de lazer
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3. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente
com ele
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4. Não segue instruções até o fim e não termina
deveres de escola, tarefas ou obrigações.
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5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades
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6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em
tarefas que exigem esforço mental prolongado.
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7. Perde coisas necessárias para atividades (p. ex:
brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros).
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8. Distrai-se com estímulos externos
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9. É esquecido em atividades do dia-a-dia
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TOTAL 1
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10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira.
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11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações
em que se espera que fique sentado.
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12. Corre de um lado para outro ou sobe demais nas
coisas em situações em que isto é inapropriado.
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13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em
atividades de lazer de forma calma.
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14. Não pára ou freqüentemente está a “mil por hora”.
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15. Fala em excesso.
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16. Responde as perguntas de forma precipitada antes
delas terem sido terminadas.
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17. Tem dificuldade de esperar sua vez
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18. Interrompe os outros ou se intromete (p.ex. mete-se
nas conversas / jogos).
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TOTAL
2
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Como avaliar:
1) se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou
“DEMAIS” de 1 a
9 = existem mais sintomas de desatenção que o esperado numa criança ou
adolescente.
2) se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de10
a 18 = existem mais sintomas de hiperatividade e
impulsividade que o esperado numa criança ou adolescente.
2) se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de
O questionário SNAP-IV é útil para avaliar
apenas o primeiro dos critérios (critério A) para se fazer o diagnóstico.
Existem outros critérios que também são necessários.
IMPORTANTE: Não se pode fazer o diagnóstico de TDAH apenas com o critério A! Veja abaixo os demais critérios.
IMPORTANTE: Não se pode fazer o diagnóstico de TDAH apenas com o critério A! Veja abaixo os demais critérios.
CRITÉRIO A: Sintomas (vistos acima)
CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem estar presentes antes dos 7
anos de idade.
CRITÉRIO C: Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 2 contextos diferentes (por ex., na escola, no trabalho, na vida social e em casa).
CRITÉRIO D: Há problemas evidentes na vida escolar, social ou familiar por conta dos sintomas.
CRITÉRIO C: Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 2 contextos diferentes (por ex., na escola, no trabalho, na vida social e em casa).
CRITÉRIO D: Há problemas evidentes na vida escolar, social ou familiar por conta dos sintomas.
CRITÉRIO E: Se existe um outro problema (tal como depressão,
deficiência mental, psicose, etc.), os sintomas não podem ser atribuídos
exclusivamente a ele.
Como suspeitar do diagnóstico:
1) É necessário haver pelo menos 6 sintomas
assinalados na coluna laranja ou vermelha, no CRITÉRIO A.
·
Pelo menos 6 sintomas VERDES e menos que 6 sintomas ROSA: TDAH
Tipo Predominantemente Desatento
·
Pelo menos 6 sintomas ROSA e menos que 6 sintomas VERDES: TDAH
Tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo
·
6 ou mais sintomas VERDES e 6 ou mais sintomas ROSA: TDAH Tipo
Combinado.
2) Os CRITÉRIOS B, C, D devem obrigatoriamente
ter resposta SIM.
3) O CRITÉRIO E necessita da avaliação de um
especialista, uma vez que os sintomas do Critério A ocorrem em muitos outros
transtornos da infância e adolescência.
Se os critérios A, B, C, D e E estiverem
atendidos de acordo com o julgamento de um especialista, o diagnóstico de TDAH
é garantido.
COMO A ESCOLA PODERÁ AJUDAR
Em casos de alunos hiperativos já diagnosticados, em primeiro lugar, traçar estratégias para que este aluno não se sinta entediado e não atrapalhe tanto as aulas.
DICAS:
- Substituir aulas monótonas ou cansativas por aulas mais estimulantes que prendam sua atenção (o professor deverá ter muito preparo e ser bastante flexível com seu planejamento, mas ter cuidado para que o hiperativo não se empolgue demais);
- Estes alunos adoram novidades, lance mão destes recursos não habituais para prender sua atenção. Peça ajuda ao professor de artes para trabalhar de forma interdisciplinar. Estas crianças são muito criativas e se identificam muito com tarefas como criar, construir, explorar. Os adultos hiperativos poderão ter mais sucesso em carreiras ligadas a designers, publicidade, artes plásticas.
- Organize as carteiras em círculo, em forma de U, ao invés de fileiras a fim de visualizar melhor toda a classe e seu movimento;
- Coloque esta criança próxima a outras mais concentradas e calmas, assim ele não encontrará seguidores para sua agitação;
- Traga esta criança para perto de você, assim poderá ver se ela está conseguindo acompanhar seu ritmo, ou se você precisa desacelerar um pouco. Isto o ajudará também a dispersar-se menos;
- Coloque sempre no quadro as atividades do dia para que este aluno perceba que há regras pré-definidas e previamente organizadas e que todos devem cumpri-las sem exceção de ninguém;
- As tarefas não poderão ser longas. Deverão ter conclusão rápida para que ele consiga concluir a tarefa e não pare pela metade, o que é muito comum. As tarefas maiores deverão ser divididas em partes para que ele perceba que elas podem ser terminadas;
- Evite cores muito fortes na sala e na farda como amarelo e vermelho. Cores fortes tendem a deixá-los ainda mais agitados, excitados e menos atentos. Procure colocar tons mais neutros e suaves. Compare com o quarto de um bebê; agora pense: porque ninguém usa cores fortes nele? Estímulo demais não é bom para ninguém;
- Permita que o aluno saia algumas vezes da sala para levar bilhetes, pegar giz em outra sala, ir ao banheiro. Estes alunos não gostam de ficar parados por muito tempo e desta forma estará evitando que ele fuja da sala por conta própria;
- Peça que o aluno faça três riscos no quadro. Isto será o número de vezes que ele poderá sair. Cada vez que ele sair deverá apagar um risco no quadro. Isto funciona como um limite e tende a dar certo porque a criança se controla mais antes de pensar em sair da sala;
- Elogie seu bom comportamento, incentive os colegas a elogiar suas produções, desta forma a turma estará ajudando este aluno a elevar sua auto-estima;
- Uma agenda de comunicação entre pais e escola é muito importante. Isto evita que as conversas se dêem apenas em reuniões;
- As aulas de Educação Física são um ótimo auxílio para estas crianças que parecem ter energia triplicada. A ginástica ajuda a liberar mais esta energia que parece ser inesgotável, ajuda na concentração através de exercícios específicos, ajuda a estimular hormônios e neurônios, a distinguir direita de esquerda já que possuem problemas de lateralidade que prejudicam muito sua aprendizagem.
BIBLIOGRAFIA
ABDA – Associação Brasileira do Déficit de
Atenção – Como diagnosticar crianças e adolescentes -http://www.tdah.org.br/diag01.php
ARAÚJO, Mônica; SILVA, Sheila Aparecida
Pereira dos Santos - Comportamentos
indicativos do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em crianças: alerta para pais e professores - http://www.efdeportes.com/efd62/atencao.htm
GOLFETO, J. H.. A criança com déficit de atenção
aspectos clínicos, terapêuticos e evolutivos. Campinas,
1993. Documentação não publicada elaborado na Unicamp (Universidade de
Campinas).
GONÇALVES,
Priscilla Siomara – O trabalho
em ambiente escolar com alunos portadores do distúrbio de déficit de atenção
com hiperatividade- http://geocities.com/hotsprings/oasis/2826/ddah1.html
Indisciplinado ou hiperativo. In: NOVA escola.
São Paulo. Fundação Victor Civita. 2000; n.º 132; pp 30-32.